24 de dez. de 2009

Natal

José Antonio Somensi (Zeca)
 
Dizem alguns historiadores que Ele nasceu em Belém e colocado numa manjedoura, outros que nasceu mesmo em Nazaré. Uns falam em presépio, outros em estábulo, alguns em gruta. Escrevem dizendo que não foi recebido nem pelos parentes, mas aconchegado pelo calor dos pastores, pessoas consideradas impuras daquele tempo, sem valor, os 'outros', aqueles que 'não eram gente de bem'. Reconhecido como sacerdote, Deus e profeta por sábios que após a visita ousaram fazer outro caminho, caminho que não os levassem ao império do mal, da dominação, da morte. A vinda deste menino chamou-se Natal e hoje quando é Natal?

É Natal quando as mulheres prestes a dar a luz fazem romarias entre hospitais e postos de saúde em busca de ajuda? É quando tocados por um sentimento de pena arriscamos a doar cestas básicas a famílias carentes? É quando nos deparamos com famílias acampadas à beira da estrada debaixo de lonas plásticas e definimos como um bando de vagabundos? É a grande festa familiar resumida à comilança e bebedeira? É o pinheiro enfeitado de luzes e ornamentos que lembra um país qualquer do norte? É amigo oculto em ambiente onde as pessoas nem se cumprimentam?

Se o descrito acima é Natal fico então com o escritor Gabriel Garcia Marques que os define como Natais sinistros e portanto recuso-me a apresentá-lo. Não digo com isso que não devamos nos reunir, festejar, desde que não troquemos o aniversariante – Deus menino – pelo bonachão papai Noel porque este Deus menino nos convida a transformar estes natais sinistros em vida plena, respeito, fraternidade não uma mera festa consumista.

Sejamos pois como os pastores que foram com sua 'impureza' levar a notícia e com isso desafiar os 'homens de bem', como os magos que após visitar o Deus menino fizeram um novo caminho.

Anunciemos pois que 'hoje nasceu para nós um Salvador, que é Cristo, o Senhor! Ao desejar Feliz Natal desejo também um grande compromisso com as pessoas, com a natureza, com a vida e que em 2010 possamos continuar acreditando na esperança que nos faz capaz de sermos protagonistas de nossa história.

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